As duas Torres

Na Quinta-feira passada, assustei-me bastante.
Mas é que foi cá um cagaço...
Liguei a televisão à tarde, durante o meu período de descanso e qual não é o meu espanto, quando vejo duas explosões enormes e duas torres a cair...
Mas a isso já nós estamos habituados.
Assustei-me porque vi escrito no canto inferior esquerdo da Televisão, “Tróia – Setúbal”.
Pensei logo que era algum atentado dos Al-Qaedas...
Afinal, os desgraçados estiveram a levar com a GNR durante meses a fio e isso deixa mossa, quer se queira, quer não.
Mas ao levantar um pouco mais o som, constatei afinal que mais não era do que a demolição das duas torres abandonadas em 19 e carqueija na Peninsula de Tróia.
Finalmente!!!
Mas e agora??
Agora, vai nascer em Tróia, mais um centro de enchimento de dinheiro para o Tio Belmiro de Azevedo.
Coisa fina, que irá criar centenas de empregos a ganhar misérias e a fazer horas a fio, incluindo os fins de semana.
Para usofruto de quem???
Centenas de gajos podres de papel e também alguns “camones” que em lugar de irem para o Algarve ( essa Provincia “camone” em território nacional), irão banhar-se nas águas setubalenses livres do assédio desse terror do areal algarvio que é ZéZé Camarinha.
Mas o que eu até curti ver, foi o aparato montado pelas televisões nacionais (generalistas ou não) para mostrar uma coisa completamente banal...
Aliás em Grândola, até montaram um écran gigante para a populaça ver.
E lá estavam todos os reformados e desempregados de Grândola a malhar "mines", "tramoço" e "minuins", a bater palmas à destruição de 2 mamarrachos em betão, como se o Tiago Monteiro tivesse acabado o Grande Prémio de Spa-Francochamps em 1º lugar com 10 voltas de avanço sobre o Michael Schumacher.
Yah, boa.
Uma dezena de engenheiros estrangeiros, com todos os cálculos matemáticos, dinamitaram o interior das vigas de betão e com cargas sequenciais, fizeram cair dois prédios, para milhares de pessoas assistirem.
Ah!
Não sei se repararam no nosso primeiro ministro e na honra que lhe foi concedida, pressionar o detonador (sem fios ligados) no final da contagem descrescente, que mais parecia que ia carregar no botão que poria em órbita o primeiro português.
E a força que ele fez?
O detonador estava perro porque Sócrates abafou o tubo de vaselina que o lubrificaria, não fosse conhecer algum trolha bem parecido e corpulento, facilitando-lhe o trabalho e a figurinha.
Giro foi ver ele a carregar naquilo e as torres já cravadas no chão a encherem o ar de pó.
Com aquela rapidez, até tenho medo do futuro TGV...
Um gajo ainda está em Santa Apolónia a comprar o bilhete e já está em Madrid a desembarcar, sem sequer ter tempo para guardar o troco.
Mas melhor, foi vê-lo (que também é engenheiro) a perguntar ao gajo que estava na sala de colete reflector e capacete se podia carregar naquilo, quando chegou a contagem a 0.
E neste caso, imagino duas possíveis respostas do sócio de colete:

“Se o sr. Pode carregar nisso? Epá, sei lá, eu não sou daqui. Eu estou de colete reflector, porque por causa do vosso novo código da estrada tenho que andar assim vestido. O que eu quero realmente é uma chave de rodas, porque tenho o carro ali com um furo e não tenho chave para o trocar. Quer carregar nisso? Carregue, mas não diga a ninguém que fui eu que lhe disse no caso dessa gaita correr mal...”

Segunda possivel resposta:

“Si sénhour poude caregar niisso? Ieu nau saber. Ieu Constantin Yavonich, Ucrainia. Imigrante iligal. Mieu patrau dise ieu isconder aquii até pissoas ir emboura. Si sénhour caregar niisso e qualquier cuoisa fazier mal, Constantin nau sabier dé nada.”

E lá estavam os helicópteros, as câmeras móveis, os carros de exteriores e toda uma parafernália de coisas para se ver em directo, ao vivo e a cores ao rebentamento controlado e consequente queda de duas torres em Tróia.
E chamam a isto jornalismo???
Onde estavam quando caiu a ponte em Entre-os-Rios???
E quando metade do Porto e Lisboa se desmorona, onde estão os jornalistas??
Ah e os ministros????