É a crise, meus amigos...

Não tem este post a pretensão de informar os leitores de que o País está em crise, como se fosse uma novidade de última hora.
Isso já todos sabemos.
Aliás, toda a gente sabe que o País está em crise há séculos (começou com um filho a malhar forte e feio na mãe, logo uma crise familiar), mas sempre se recompôs.
O que eu pretendo aqui demonstrar é a dimensão da crise e as medidas tomadas por alguns sectores económicos para a combater.
Bem, mas avancemos para o que se passou:
No outro dia, fui jantar fora com uns amigos (princípio do mês, logo há guito fresquinho no bolso) e fomos a um restaurante em que foram implementadas regras internas de contenção de despesas.
Ao chegar à recepção, o empregado que nos esperava fez as perguntas da praxe:
- Boa noite. Os senhores vão ser quatro?
- Sim, somos.
- Fumadores ou não fumadores?
- Fumadores, se faz favor.
- E vão comer de pé ou precisam de cadeiras?

E aqui começou a coisa a parecer ligeiramente estranha...mas...
- Desculpem a pergunta parecer ridicula, mas estamos a adoptar medidas de combate à crise económica que se instalou no país e se não necessitarem das cadeiras, assim podemos usá-las para substituir o carvão e com elas grelhar os vossos bifes.

A malta após reflectir um bocado, lá concordou em comer de pé, dando assim uma ajuda ao restaurante, na medida em que foi feito um esforço para não haver despedimentos.
Mas havia mais...
- A vossa mesa será então a nº 44. Só mais umas perguntinhas e vamos já para lá.
- Com certeza. Faz favor de perguntar.
- A mesa...querem com toalha ou sem toalha?
- Desculpe?!
- É que o nosso restaurante é o associado nº 33512 da Quercus e como tal, quanto menos papel usarmos, menos árvores serão abatidas, sendo assim melhor para o ambiente. Para além disso, quanto menos lixo fizermos, mais poupamos em sacos plásticos nocivos ao ambiente e desse modo contribuimos para os dois planos. O ambiental e o de redução de despesas.
- Ah, sim senhor. Visto por esse prisma... Pode ser sem toalha.
- Pois muito bem. Vão desejar copos ou bebem pelas garrafas?
- Como?!
- Reparem os senhores que se precisarem de copos, teremos posteriormente que os lavar e com isso inflacionar as despesas através da utilização de detergentes e secantes para a máquina, sem contar com a electricidade que esta irá consumir durante a lavagem. A somar a isto, os poluentes que serão descarregados para os afluentes dos rios, contaminando toda a fauna marinha e o ambiente. Não sei se já lhes disse que somos associados da Quercus?
- Pois, já disse sim. Faça isso sem copos, pronto, deixe lá.
- Só mais uma coisinha pouca. Querem garfo ou comem à mão?
- E isso é porque...??
- Bem isto é pelos mesmos motivos, obviamente!
- Obviamente!!
- Senão reparem: garfos, facas, se comerem sopa, são mais as colheres, talheres de sobremesa, é muito detergente, muita poluição, muita electricidade e mesmo que lavássemos à mão, era uma conta enorme de àgua.

Ficámos atónitos a olhar uns para os outros, mas como fomos todos militares e no espírito de ajudar a poupar...
- Siga, sem talheres. Mais alguma coisa?
- Não. Só informar que não aceitamos cartões de débito ou crédito, porque estamos a poupar no telefone e que não passamos factura.
-Porquê???
- Porque assim poupamos no papel, (lembrem-se da Quercus) e no Iva. Mas deixem lá isso e disfrutem da refeição.